quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Marina Andrade conta como escolheu os poemas que musicou

Versos íntimos - Sempre foi o que mais me chamava a atenção, me intrigava. O poema foi escrito quando Augusto dos Anjos tinha apenas 17 anos. Incrível a sensibilidade da figura. O poema continua forte e atual.

Psicologia de um vencido - Cantei Augusto em um barzinho na Asa Norte, em uma canja, então um rapaz que estava lá gostou bastante e me pediu para musicar este poema.

Budismo moderno - Sempre me pareceu com a cara do Noel Rosa. É brincalhão. Tenho uma grande amiga, Marília, que é budista e eu pensei em brincar com ela cantando esse poema musicado.

Contrastes - Mostra a dimensão dos opostos, próximos que se completam. [A antítese, o novo, o obsoleto, o amor, o ódio e a carnificina, o que o homem ama e o que ele abomina, tudo convém para o homem ser completo]. [Às alegrias juntam-se as tristezas, e o carpinteiro que fabrica as mesas, faz também os caixões dos cemitérios]. Dá até arrepio, mas é por aí mesmo. E eu me identifico com isso.


Morcego –
É muito curioso. O morcego entra imperceptivelmente em nosso quarto e é a nossa consciência que não nos deixa dormir.

Deus-verme – Ele fala que o ver é o "fator universal do transformismo" e é mesmo. Não foi Einstein que falou que nada se perde, tudo se transforma?

Solitário -
Transformado num blues, por causa da densidade que eu senti nele, tem muita dor ali.

Eterna mágoa – É outro que mostra a percepção sem medida de Augusto dos Anjos. Parece que ele filtrou todas as dores dos seres e do universo. a mágoa que "transpõe a vida do seu corpo inerme; e quando esse homem se transforma em verme, é essa mágoa que o acompanha ainda".

Vandalismo – Ele escreveu isso quando tinha 20 anos, em 1904. Vejo luzes dentro das catedrais. As catedrais estão dentro do coração dele. São iluminadas [onde um nume de amor, em serenatas, canta a aleluia virginal das crenças] Aí, de repente, num ato de vandalismo, ele entras nessas catedrais. [E erguendo os gládios e brandindo as hastas, no desespero dos iconoclastas, quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!].

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